por Rodrigo Amarante Vargas
A teledramaturgia brasileira é repleta de personagens inesquecíveis, mas inegavelmente tem aqueles que não saem de nossa memória afetiva, por mais que os anos passem sempre tem aquela pessoa ou mesmo aquela situação que nos lembra algum personagem que, sinceramente, as vezes são tão marcantes que vez ou outra nos fazem confundir ficção com realidade.
10º – Natasha (Vamp) (GLOBO, 1991) – novela de Antônio Calmon
A paixão pelo submundo dos vampiros começou muito antes da saga Crepúsculo. Em 1991, era Natasha quem encantava com uma pele friamente pálida, olhos vermelhos e dentes afiados. A vampira, que conseguiu fama no mundo musical ao fazer um pacto com o mestre conde Vlad, luta para desfazer o acordo e escapar da maldição – ainda mais depois que se apaixona pelo mortal Lipe. Mas é a partir dela que Armação dos Anjos se torna praticamente uma cidade vampiresca.
9º – Jorge Tadeu (Pedra sobre Pedra) (GLOBO, 1992) – novela de Agnaldo Silva, Ana Maria Moretzsosh e Ricardo Linhares
Um fotógrafo que usa todo o seu charme para conquistar boa parte da população feminina – e comprometida – da cidade de Resplendor. Basta isso para resumir Jorge Tadeu, o galanteador que levou polêmica e levantou a ira de homens casados à novela Pedra Sobre Pedra (1992). Nem seu assassinato foi suficiente para tirar da trama o personagem interpretado por Fabio Jr. A cena mais emblemática ocorre exatamente depois de sua morte: as mulheres seduzidas comem os copos de leite que começam a nascer no túmulo e, enlouquecidas, veem o fantasma do fotógrafo.
8º – Bebel (Paraíso Tropical) (GLOBO, 2007) – novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares
Poucas candidatas a vilã ganharam tanto a simpatia do público quanto a prostituta Bebel de Paraíso Tropical (2007). Ao lado do mau caráter Olavo, ela formou um dos casais mais famosos e interessantes das novelas brasileiras até hoje. Seu ar de superioridade – comum às mulheres que sabem que são bonitas e poderosas – e a falta de bom senso ainda garantiram à personagem um toque de humor que foi fundamental para o seu sucesso. Camila Pitanga foi quem deu vida à musa do calçadão de Copacabana.
7º – Odorico Paraguaçu (O Bem Amado) (GLOBO, 1973) – novela de Dias Gomes
Um prefeito que tem como carro-chefe de sua gestão a construção de um cemitério – até então, quem morria em Sucupira precisava ser enterrado na cidade vizinha. O problema é a sequência de trapalhadas de Odorico Paraguaçu – político corrupto, sem cultura nem vergonha na cara – depois que sua principal obra fica pronta e ninguém mais morre na cidade. Foi um personagem que começou no teatro, foi levado à TV, interpretado por Paulo Gracindo na novela O Bem Amado (1973), e acaba de ganhar as telonas.
6º – Dona Armênia (Rainha da Sucata) (GLOBO, 1990) – novela de Silvio de Abreu
Dona Armênia é a prova de que nem só de protagonistas vive uma novela. Afinal, a mãe super protetora de três marmanjos, a quem chamava de “minhas filhinhas”, que falava aos berros que queria ver “a prédio na chon” foi a personagem mais marcante e imitada da novela Rainha da Sucata (1990) – mais até do que a “sucateira” Maria do Carmo. Para completar, a Armênia de sotaque carregado vivida por Aracy Balabanian ainda usava e abusava de um visual exageradamente colorido e estampado.
5º – Tieta (Tieta) – (GLOBO, 1989) – novela de Agnaldo Silva, Ana Maria Moretzsosh e Ricardo Linhares
Nem é possível escolher qual Tieta ficou mais famosa – se a do romance de Jorge Amado, a do cinema ou a da novela, de 1989, vivida por Betty Faria. Mas, fato é que a personagem ficou tão enraizada no imaginário dos noveleiros que não importa a cara que ela tenha, sempre será a mulher arretada que, após ser escorraçada de casa e de Santana do Agreste pelo pai, volta anos depois, rica, ousada e exuberante, pronta para calar os demagogos da cidade, em especial, sua irmã Perpétua.
4º – Tonho da Lua (Mulheres de Areia) (GLOBO, 1993) – novela de Ivani Ribeiro
Quem consegue manter o sorriso, ainda nos dias de hoje, diante de uma imitação de Tonho da Lua? Basta uma simples combinação entre Ruth e Raquel ou uma gagueira sem querer para que algum engraçadinho emende uma gracinha com o personagem de Mulheres de Areia (1993). É por isso que ele é o personagem mais carismático de toda a história. A interpretação majestosa de Marcos Frota na pele do talentoso escultor de areia fez com que o personagem com deficiência mental se tornasse, na verdade, o mais inteligente defensor de sua amada “Ruthinha”. Por isso também, quase ninguém se lembra do intérprete de Tonho na primeira versão da novela, vinte anos antes.
3º – Odete Roitman (Vale Tudo) (GLOBO, 1989) – novela de Gilberto Braga
Poucas vilãs podem se gabar de ter tido a morte mais comentada da história das novelas brasileiras. A poderosa empresária Odete Roitman (Beatriz Segall), com certeza, pode. Foi depois de Vale Tudo (1988) que os autores descobriram a mina de ouro que era lançar um mistério no meio da trama, para soluciona-lo apenas no fim. “Quem matou Odete Roitman?” era a grande questão a ser desvendada na época, que perdurou por 11 capítulos. Para manter o suspense, a resposta foi gravada – em cinco versões diferentes – apenas no dia em que o último capítulo foi exibido, em 6 de janeiro de 1989.
2º – Sinhozinho Malta e Viúva Porcina (Roque Santeiro) (GLOBO, 1985) – novela de Dias Gomes
Eles são praticamente uma coisa só. Afinal, é impossível falar de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) sem lembrar de Viúva Porcina (Regina Duarte), e vice-versa. E pensar que até o último capítulo de Roque Santeiro (1985) o autor tentou manter segredo sobre quem seria o escolhido para ficar com ela: se o fazendeiro brega que se sujeita a imitar cachorrinho e lamber a mão dela, ou o personagem que dá nome à trama – e acabou relegado a segundo plano neste triângulo amoroso. Como se todos os altos e baixos desse casal hilário e cheio de manias pudesse ser esquecido.
1º – Nazaré Tedesco (Senhora do Destino) (GLOBO, 2004) – novela de Agnaldo Silva
Em décadas de telenovela brasileira, nunca se viu uma vilã que fez tanto jus à palavra maldade quanto Nazaré, de Senhora do Destino (2004). A ex-prostituta (noiva, que vai casar virgem) roubou uma criança para comprovar uma falsa gravidez e convencer seu amante a abandonar a família e se casar com ela. Depois, traiu e matou o próprio marido, que apenas encabeça a sua lista de assassinatos – na escada, em uma banheira… Nada lhe faltava para o estigma de bruxa – Renata Sorrah deu à Naza, uma risada maquiavélica e uma arrogância ao melhor estilo “espelho, espelho meu”. Com certeza a maior vilã da história da teledramaturgia, e com a maior auto estima da história! Memorável, inesquecível…
E você, acha que faltou alguém nessa lista? Comente.
Adaptado livremente do site Veja
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