quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Especial: Um panorama da novela Salve Jorge.


Por Rafael Barbosa dos Santos


 

Salve Jorge caminha para sua metade, mas até agora não foi capaz de fisgar o grande público. Já é considerada uma das piores audiências do horário, embora os índices venham subindo gradativamente nos últimos dias. Ainda que a audiência esteja aumentando, a maior parte do público ainda não se deixou envolver pelo drama das duas moças que são traficadas para fora, sendo submetidas a se prostituir. E com isso a trama é rejeitada. Mas afinal, qual de fato será o problema de Salve Jorge?
A novela de Glória Perez já era mal vista antes de sua estréia. Primeiro pela diferença abissal com sua antecessora, o fenômeno “Cult” Avenida Brasil. Segundo, pelas informações que se tinham sobre a novela, que não eram nada animadoras: um elenco exageradamente populoso, uma atriz protagonista pouco conhecida, e os vícios de roteiro de Glória Perez. Já nas chamadas, a trama apresentava uma estética não muito favorável (se comparada com Avenida Brasil), e um tema musical enjoativo, o famigerado “Esse cara sou eu” na voz de Roberto Carlos.
A nova novela estréia, e a má recepção não foi nenhuma surpresa. Os “viúvos” de Avenida Brasil, claro, detestaram a nova trama. Salve Jorge se opôs totalmente ao que Avenida Brasil apresentou. Abriu mão de qualquer inovação no gênero, e apostou numa linha mais tradicional, com uma direção comum e pouco ousada. Ainda assim, foi possível se surpreender positivamente com a estréia: uma cena inicial interessante, o bom desempenho de Nanda Costa como protagonista, uma linda abertura, e a curiosidade em torno do tema sobre Tráfico humano, que a novela se propunha á discutir. Um tema jamais abordado na teledramaturgia brasileira. Porém, não demorou muito para as inúmeras deficiências de Salve Jorge começarem á aparecer.
Excesso de personagens avulsos e sem função, tramas aleatórias e nada interessantes, o casal protagonista sem química, o mau desempenho de Cláudia Raia como vilã, as repetições e o ritmo arrastado. Tudo isso aliado á uma direção equivocada e pouco eficaz. Esses são os defeitos apontados pela maioria, mas, além disso, é possível analisar outros fatores que fazem da trama um fracasso.
Primeiro, o assunto “Tráfico Humano”, que apesar de ser interessante e um importante alerta, não tem fôlego para segurar uma novela que tem de 180 á mais de 200 capítulos. Isso fica evidente no desenrolar da trama. A protagonista demorou cerca de 30 capítulos para ser traficada. Quando finalmente foi (em um bom momento), a trama passa a girar em torno de suas constantes e frustradas tentativas de fuga. E agora que as traficadas têm inúmeras chances de denunciar, nada revelam, pois caso contrário, a novela acaba.
Segundo, o assunto em questão é completamente desconhecido do grande público. A maioria das pessoas nunca ouviu falar de tráfico humano, até mesmo pessoas esclarecidas que chegam á duvidar da existência deste tipo de crime. Isso faz com que essas quadrilhas sejam invisíveis e ajam livremente. De fato, existem casos de mulheres, já libertadas á anos, mas que até hoje nunca tiveram á coragem de denunciar por MEDO. Talvez essa “ignorância do público” em relação ao assunto, faz com que a trama se torne pouco atraente, porque não conseguem acreditar nela, e consideram absurdas essas situações. Por exemplo, ninguém se conforma de Morena e Jéssica não abrir o bico e denunciar, mas isso é o que ocorre com as vítimas do tráfico na vida real.
Por último, a forte resistência que a novela enfrenta, principalmente nas redes sociais, em especial o twitter. A trama já foi aguardada sobre críticas, foi mal recebida. E devido a estas inúmeras falhas, recebe uma verdadeira avalanche de críticas. Mas essas “críticas” vão além do descontentamento para com a trama, e fica parecendo mera “birrinha”.  Isso fica claro, quando se compara a trama de Glória com a trama de João Emanuel Carneiro. Na novela de JEC tudo deu certo, até as coisas erradas foram ignoradas pelos fãs, que amavam a novela. Essas falhas, no caso de Salve Jorge são consideradas absurdas e amadorismo por parte da autora. Em Avenida Brasil, ignorar um mundo onde se há grandes avanços tecnológicos é considerado “licença poética”. Em Salve Jorge, duas jovens que não tem coragem de denunciar a quadrilha que lhe fizeram vítimas por medo, significa “subestimar a inteligência do público”.  Por isso, fica nítida, certa má vontade com a atual novela das nove. O povo não gosta e ponto final.  
Em minha opinião, Salve Jorge é sim repleta de falhas, mas em casos isolados, apresenta momentos bons (não reconhecidos pela maioria). O Capítulo desta terça, 22/01/2013, por exemplo, em que ocorre toda a repercussão da morte da personagem Jéssica (cena muito bem realizada), foi um capítulo muito bom, cheio de momentos tensos, onde a protagonista deu tudo de si, e a vilã pode mostrar á que veio. No entanto, o capítulo se encerrou com uma cena totalmente dispensável, para não dizer tosca.
É isso, Salve Jorge é uma novela que já começou toda errada, no momento errado, e que apostou errado. Um tropeço na carreira de Glória Perez. Talvez, se a autora abordasse de outra maneira o assunto, apostando mais no melhor do folhetim, sem se prender tanto ao compromisso social de alertar sobre o crime de tráfico humano, a novela rendesse mais. Mas o que se vê é que Salve Jorge, nada, nada e nada, para no final morrer na praia. Mesmo que a audiência suba, acho difícil reverter essa situação, infelizmente. 

sábado, 12 de janeiro de 2013

POSTAGEM EXTRAORDINÁRIA



Por Rafael Barbosa dos Santos

O Canto da Sereia: Teledramaturgia de encher os olhos!


Não resisti. Ao ver os créditos no final do último capítulo de “O Canto da Sereia”, fui tomado por uma súbita vontade de escrever sobre esta belíssima produção. Aí me lembrei deste falecido blog, e cá estou eu, a fim de ressuscitá-lo por um dia, só por hoje. Convenhamos, por uma causa justíssima né? Então lá vamos:


O Canto da Sereia foi aguardada sob grande expectativa, devido ha suas chamadas eletrizantes que já eram um prenúncio do que vinha por aí. Escrita por George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio Goldenberg, com direção de José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington, supervisão de texto de Glória Perez, e inspirada na obra homônima de Nelson Motta, “O canto da Sereia” Foi um sucesso, feita no capricho, de forma impecável, e a audiência, claro, correspondeu.
Uma super produção, onde tudo funcionou direitinho: Texto, direção, fotografia, trilha, e elenco, aliás, um elenco digno de todos os elogios possíveis, aplausos, assovios e reverência. Camila Morgado, Marcos Palmeira, Gabriel Braga Nunes, Fabíola Nascimento, Marcos Caruso, Marcelo Médici, João Miguel e outros, brilharam intensamente, já que todos tiveram essa oportunidade. Ísis Valverde, a protagonista Sereia, deu show atrás de show, se entregou para o papel e faz de Sereia o seu melhor personagem na TV, carimbando seu nome entre os grandes atores do primeiro time da globo.


A microssérie também promoveu cenas épicas e impactantes. O assassinato de Sereia; a briga de Sereia e Mara; o desabafo de Mara; Sereia procurando Mãe Marina para lhe entregar seu diário; Sereia passando mal já muito doente; Ela desesperada já sabendo da doença; Sereia pedindo para que Só Love lhe mate; Augustão encontrando Só Love; A explicação do assassinato e a cena final, todas marcantes, emocionantes e maravilhosamente bem realizadas.
È possível notar algumas semelhanças com o sucesso do ano passado, a novela Avenida Brasil, não só pelo elenco que em sua maioria esteve na novela, e pela qualidade, mas também pela linguagem e estética cinematográfica, e direção precisa e inspirada que faz toda a diferença nas duas produções. Villamarim e Ricardo são o que há de melhor em direção na globo.  As cenas são sempre bem planejadas, mostradas com uma riqueza de detalhes, conseguem captar toda a emoção, olhares, expressões e gestos dos atores, ainda com uma trilha acertada de fundo, tudo muito minucioso e delicado e o resultado não poderia ser melhor. Diante da direção que essa dupla vem fazendo, a sensação que temos, é que outras produções, como as que estão no ar atualmente, como Salve Jorge, por exemplo, tenham um aspecto ultrapassado.
“O Canto da Sereia” mostra que a globo está preparada para investir pesado neste setor da teledramaturgia, e isso não é de hoje, haja vista outras belíssimas produções como “Força Tarefa” e “A cura”. Mostra também, o quanto se faz necessário o investimento em autores novos, com a “cuca fresca”, que são capazes sim, de inovar o gênero. E por último, mostra que a globo precisa se mexer, sair da zona de conforto em que se encontra, e se esmerar mais em suas produções, investindo em novidades, estética, equipamentos modernos, tendo mais cuidado ao aprovar determinado projeto. Enfim, o público gosta e agradece quando temos uma produção tão boa quanto esta.
È de se lamentar apenas, a curta duração da microssérie, 4 capítulos apenas, que nos deixam com gostinho de quero mais, e já com muitas saudades. Autores, colaboradores, direção, elenco e toda a equipe, muito obrigado por este presente e parabéns. Fiquei fã de Sereia e já quero em DVD.


E aí, também gostaram de O Canto da Sereia?