Acho que já vi isso na novela passada!

Por Raul Felipe Senger

Você já deve ter se perguntado, em algum momento quando está vendo uma novela: Será que isso já não passou naquela outra novela? Em 60anos de telenovelas, é comum notarmos certos assuntos que já foram abordados em tramas anteriores. Por exemplo, em Avenida Brasil, temos o Cadinho (Alexandre Borges), que é casado com duas mulheres Noêmia (Camila Morgado) e Verônica (Débora Bloch), ou seja, é bígamo! Sem contar que ainda há uma terceira mulher na história com quem ainda não é casado, a Alexia (Carolina Ferraz). 

Mas não faz muito tempo que outro bígamo pintou na telinha do plim plim,  em Passione (2010), acompanhamos o atrapalhado Berilo, o “Fragolone” “, apelidado carinhosamente por Jéssica ( Gabriela Duarte), uma de suas duas esposas. Berilo também levou ao altar,  Agostina ( Leandra Leal). E agora vocês me perguntam: Mas Raul, o Berilo e o Cadinho não são completamente diferentes? Exato! Chegamos onde eu queria chegar! O Berilo era o Berilo, e o Cadinho é o Cadinho! O bígamo de Silvio de Abreu e o atual bígamo  escrito por João Emanuel Carneiro são diferentes! Mas como isso é possível, se abordam o mesmo assunto?Vejam só como são diferentes:

Cadinho, por exemplo, vive circunstâncias diferentes, suas esposas se tornaram amigas, ele tem um casal de filhos adultos, um em cada casamento. Seu filho Tomás (Ronny Kriwat), chegou até a se interessar por Débora (Nathalia Dill), sem saber que era sua irmã. Isso fez com que Cadinho não visse alternativa a não ser contar a verdade para o filho, assim Tomás querendo ou não está acobertando o pai. E quem está acompanhando a novela, sabe que o segredo de Cadinho já não é tão segredo assim. Já Berilo vivia outros dilemas, suas esposas sempre que se encontravam era um pé de guerra, tinha um filho ainda criança com Agostina, e mais tarde se tornou pai novamente com a gravidez  de Jéssica, era um malandro de marco maior, só queria saber de sombra e água fresca. E outro diferencial foi que, Berilo se casou com Agostina na Itália e com Jéssica na Brasil.

Cadinho e Berilo são provas que autores podem sim falar sobre temas que já foram escritos, sem parecer cópia de outra novela. Afinal de contas são 60 anos de telenovelas, é impossível uma trama não destacar determinado assunto que já não tenha sido mostrado ao público. Praticamente todos os assuntos polêmicos, que certamente iriam gerar certa discussão, já estão um tanto que saturados no mundo das novelas.

Podemos constatar essa minha afirmação, se pararmos para pensar, a quantidade de novelas que já abordaram: homossexualidade, aborto, violência doméstica, dependência química, alcoolismo, filhos com vergonha de algum familiar, adultério. Os temas são inúmeros. Com um olhar de noveleiro, eu acredito que vai chegar uma hora, onde os autores não vão ter mais temas que destaquem suas histórias, afinal, muitos já foram contadas. Mas calma, futuros novelistas, isso não é o fim das novelas. Exemplo disso, eu já citei acima, uma novela pode sim falar da outra, sem parecer totalmente igual. O trabalho vai ser do autor, que deve saber falar de um assunto já dito antes, mas só como uma forma diferente daquilo que já foi apresentado anteriormente .Assim o autor dá um outro tom em cima do assunto que deseja contar. E, é claro que com o tempo, isso vai ficando mais difícil, por exemplo: “como escrever um mesmo assunto que foi mostrando em dez novelas?”

Os autores vão ter que “rebolar” para não ficarem só no “cola, cola”.Resumindo , sempre haverá um novela em que terá uma coisinha ali, outra aqui, que já tenha sito mostrada em alguma trama passada. Mas mesmo assim, sempre terá uma que irá nos apresentar algo novo. E você, já pensou: “ Acho que já vi isso no novela passada”? Se a resposta for sim, qual foi?

Olha o intrometido: Rafael Barbosa dos Santos!

Em relação ao excelente texto de Raul: Nada se cria, tudo se copia, ou seja todas as historias já foram contadas, o que importa é o jeito de contá-las!