Na sexta feira, dia 12 de março de 2005, as 21 horas, ia ao ar o ultimo capítulo de uma das grandes novelas da década de 2000, e uma das melhores que eu acompanhei. Um novelão, podem falar o que quiser de Aguinaldo Silva, não estou aqui a puxar sardinha dele, mais quem quer ser roteirista, deve reconhecer que o cara é bom. Foi nesta novela que tivemos o prazer de conhecer ela que arrasou durante toda a novela, é dela mesmo que vocês estão pensado, NAZARÉ a eterna NAZA, uma das poucas vilãs que amamos odiar. Frases como "gostosa pra dedéu" "impressionante como o tempo só te valoriza", "nunca mais de pago sorvete em"e os apelidos "anta nordestina", "flageladinhos", "songa monga", "pedreiro", "pitbul fêmea" e cavalão" marcaram essa personagem inesquecível, brilhante papel de Renata Sorrah. Não podemos esquecer também de falar de José Wilker, com o hilário bicheiro, Giovane Improtta, a linda Carolina Dieckman como Izabel e Lindalva, Letícia Espiller a Viviane "te dedico", seu marido o rebelde filho de Do Carmo, vivido por Eduardo Moscovis, o barão e a baronesa (Raul cortez e Glória Menezes) e entre outros grandes nomes como José Mayer, Marcelo Anthony, Ângela Vieira "que situação", Débora Falabella, Mara Mazan, Leandra leal. Ops ia me esquecendo de falar da heroína da trama. Se Suzana Vieira lesse esse blog (Ai como estou me achando), ia dar um piti, ela pode ser polemica, pode dar bafão, mais defendo ela sempre, não podemos esquecer os inúmeros bons trabalhos que essa atriz que pra mim é uma das melhores do Brasil, ja fez, A sucessora, Anjo Mal, Fera ferida, Por amor só pra citar alguns das setenta e poucas novelas que ela ja fez. Ela é sim uma estrela, pode ter todos os defeitos, mais é muito boa no que faz, acho que antes de criticar e falar mal, devemos prestar atenção na historia e trajetória dessa atriz. Voltando ao foco que é a novela SENHORA DO DESTINO. Ninguém faria melhor Maria do Carmo Ferreira da Silva do que Suzana vieira, uma mulher guerreira, arretada de boa, barraqueira, lutadora enfim uma grande heroina, que Griselda que nada, Maria do Carmo sempre. Uma rival a altura de Nazaré. Fica na memória as frases de do Carmo "que marmota é essa" e o delicioso "to varada di fome". Enfim Senhora do Destino foi um grande sucesso e quem gosta de novelas com certeza jamais vai esquecer dessa brilhante historia. E abaixo a cena da morte de Nazaré, uma das mais emocionantes de toda a novela, deliciem-se e matem a saudade. Até a proxima postagem.
CENA 37/ PAULO AFONSO/ALTO DA CACHOEIRA/EXTERIOR/DIA.
Giovanni, Do Carmo, Isabel, Edgard, Dirceu e Cláudia chegam ali, num parapeito e dão com a cachoeira, desabando caudalosa (ou se for de todo impossível, no alto de um penhasco, com o São Francisco lá embaixo).
DO CARMO — Cadê ela, cadê a desgramada?!
GIOVANNI — Ela só pode estar por aqui!
Então Isabel solta um grito horrível, Edgard e Do Carmo também. É que o moisés foi atirado e voa, em queda livre, indo ser devorado pelas águas.
DIRCEU — Não se assustem! A criança está com ela!
Dirceu mostra Nazaré ali adiante, com Linda no colo, à beira do precipício.
ISABEL — (grita) Me dá minha filha!!!
NAZARÉ — (de lá) Vem buscar! Eu só entrego pra você.
GIOVANNI — (grita) Deixe a menina e nada vai lhe acontecer!
DO CARMO — (grita) Eu vou aí lhe pegar, sua catraia sarnenta!
NAZARÉ — (de lá) Vem, anta! E eu pulo com a menina!
ISABEL — NÃO!!! (a Do Carmo) Fica quieta, mãe.
CLÁUDIA — Belzinha, é você que vai ter que ir lá.
NAZARÉ — (de lá, chama) Insuportável! Songa-monga! Ó...
Nazaré anda sobre a mureta, com Linda no colo. Edgard tonteia.
ISABEL — (à Nazaré) Desce daí com a minha filha!!!
NAZARÉ — Tá com medo? Vem aqui que eu te dou ela!
DO CARMO — Eu vou matar essa diaba, com minhas mãos!
GIOVANNI — Vai sim, Do Carmo, eu lhe juro. Mas não ainda.
Nazaré brinca de quase cair da mureta, e ri.
ISABEL — CUIDADO!!! (num rompante) Eu vou lá.
E antes que alguém possa impedir, Isabel sai na direção de Nazaré.
EDGARD — Não, vou eu, lindinha, isso eu não posso deixar!
DIRCEU — Ela só vai deixar a Isabel chegar perto.
DO CARMO — Não se aproxima dela, filha!
EDGARD — Eu tô me sentindo mal, eu não vou agüentar isso.
DO CARMO — (orando) Meu São Francisco que dá nome a essas águas... proteja minha filha e minha
netinha!
Corta para Isabel já chegando perto de Nazaré.
ISABEL — (na bronca) Me dá ela!
NAZARÉ — Vem pegar.
ISABEL — Me dá a minha filha!!!
NAZARÉ — Achado não é roubado, agora ela é minha.
ISABEL — Me dá essa criança AGORA!!!
De lá, todos reagem apreensivos.
CLÁUDIA — (para si) Com jeito, Belzita...
ISABEL — Cê vai fazer isso comigo? Vai fazer maldade com a minha filha? Cê me odeia tanto assim?
NAZARÉ — Eu não te odeio, Isabel, eu te amo! Eu posso não ser mais sua mãe, mas você sempre vai
ser a minha filha!
ISABEL — (sincera, sem jogo) Se é verdade o que você sente por mim, se é mesmo amor de mãe,
me dá minha filha agora. Se você me der, vai provar que é minha mãe sim, nunca deixou
de ser. Mas se fizer alguma coisa com ela, aí vou ter certeza: você é totalmente seca de
coração, só tem ódio aí dentro.
NAZARÉ — (balançada) Então mostra que não tá blefando. Vem até aqui e deixa eu te dar um
abraço.
Close de Isabel tentando ler os olhos de Nazaré. Ela hesita um instante e então começa a andar. Do Carmo reage de lá.
DO CARMO — (grita) Não vai, filha! (quer ir atrás)
GIOVANNI — (a detém) Espera, Do Carmo!
DIRCEU — Tomara que ela saiba o que tá fazendo.
CLÁUDIA — Ela sabe. É o único jeito.
EDGARD — (enfartando) Eu não vou olhar!
CORTA para Isabel já chegando junto de Nazaré.
NAZARÉ — Chega mais! Cê não acha que eu seria capaz de te fazer mal, acha? Então vem aqui, bem
juntinho.
Isabel chega ali, olha a filha nos braços da outra, bem ao alcance dela.
EDGARD — (baixo) Pega ela e sai correndo!
DIRCEU — É perigoso, ela pode tropeçar com a menina.
NAZARÉ — (maternal) Linda tua filha. É o nominho dela, né? É claro que eu vou te entregar minha
netinha, Isabel.
Nazaré passa Linda para os braços de Isabel e, num bote a abraça. Onde estão, Nazaré pode facilmente levar Isabel e Linda com ela. Tensão! Os cinco quase enfartando. Isabel hirta, Nazaré começa a cobri-la de beijos, nos cabelos, nos olhos, nas faces, como se quisesse reintegrar a cria.
NAZARÉ — É o fim da linha, não é? (olha de soslaio pra Do Carmo e os outros) A anta nordestina e
sua matilha de cachorros do mato vão me estraçalhar! Eles não vão deixar essa raposa
linda, loura e felpuda sair sã e salva daqui.
ISABEL — Escuta, talvez, se eu falar com a minha m/
NAZARÉ — (corta) Eu te amo, Isabel. Mais que tudo na vida. E a maior prova do meu amor eu vou te
dar é agora. (leve, lépida, brinca) Eu vou voar! Olha, filha!
E então Nazaré vai no impulso, dá um pinote no ar, qual uma bailarina art-nouveau, e se
atira para a eternidade.
ISABEL — NÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!
CORTA para Nazaré caindo em SLOW, a massa d’água ao fundo.
Atenção Sonoplastia: ao rugido opressor da água, vão se sobrepondo os primeiros acordes do Trenzinho Caipira, de Villa-Lobos.
CORTA pra CAM AÉREA, Do Carmo, Edgard, Cláudia, Dirceu e Giovanni correndo para onde está Isabel, que desaba nos próprios joelhos.
CORTA RÁPIDO PARA:
"ISABEL — Cê vai fazer isso comigo? Vai fazer maldade com a minha filha? Cê me odeia tanto assim?
ResponderExcluirNAZARÉ — Eu não te odeio, Isabel, eu te amo! Eu posso não ser mais sua mãe, mas você sempre vai ser a minha filha!
ISABEL — (sincera, sem jogo) Se é verdade o que você sente por mim, se é mesmo amor de mãe, me dá minha filha agora. Se você me der, vai provar que é minha mãe sim, nunca deixou de ser. Mas se fizer alguma coisa com ela, aí vou ter certeza: você é totalmente seca de coração, só tem ódio aí dentro.
NAZARÉ — (balançada) Então mostra que não tá blefando. Vem até aqui e deixa eu te dar um abraço.
Close de Isabel tentando ler os olhos de Nazaré. Ela hesita um instante e então começa a andar."
Acho que essa é a sequência de falas mais bonita. Lembro até hoje do jeitonho da Carol nessa cena.